Saiba o que são e como planejar cidades acessíveis

De acordo com o resultado do último censo fechado, de 2010, quase 25% da população brasileira indicou que tem algum tipo de dificuldade nas habilidades que foram consultadas, como de subir degraus, ouvir, locomover-se e enxergar.

Isso equivale a cerca de 46 milhões de pessoas, sem considerar o decurso de mais de 10 anos desde esse levantamento, o que deixa margem para um número ainda mais elevado de pessoas que enfrentam barreiras todos os dias nas cidades.

Com isso, fica latente a necessidade de planejar cidades acessíveis – mas como fazer isso e o que significa uma cidade acessível? Confira o artigo e entenda!

O que são cidades acessíveis?

Uma cidade acessível é projetada e desenvolvida para facilitar a locomoção de todas as pessoas, estimulando uma interação e integração saudável e positiva entre a população e o ambiente urbano.

Nesse sentido, é uma cidade mais convidativa a todos, e não apenas a uma parte das pessoas, tendo como objetivo elevar a qualidade de vida e o bem-estar dos cidadãos e assegurar o acesso aos direitos fundamentais garantidos na Constituição Federal, como o acesso ao trabalho, à saúde, educação e lazer.

Dentro disso, vale ressaltar que as cidades acessíveis devem contemplar a todos. É importante frisar isso porque a acessibilidade engloba desde a pessoa cadeirante e com deficiência visual até idosos, crianças e demais pessoas que, por qualquer razão, tenham alguma dificuldade em ouvir, caminhar, enxergar ou subir escadas, por exemplo.

Qual é a importância de cidades acessíveis?

A importância de tornar as cidades acessíveis está no fato de que os centros urbanos ainda não são inclusivos para as pessoas que estão dentro daqueles 25% mencionados no início deste artigo. É preciso, portanto, olhar para além dos números e compreender as necessidades por trás de cada indivíduo.

Grande parte da população do país não consegue utilizar sistemas públicos de transporte e espaços de lazer, por exemplo, o que acarreta prejuízos nas oportunidades de trabalho, de socialização e de criação de sua independência.

Por isso, esse novo conceito de cidade que projeta espaços para todos é essencial para garantir o acesso a direitos e permitir que todos os cidadãos, sem exceção ou exclusão, possam usufruir de toda estrutura socioeconômica urbana, respeitando e considerando as diversidades existentes e as necessidades de cada um.

Como desenvolver cidades para todos?

Tão essencial quanto compreender a importância e saber o que é uma cidade acessível, é entender como elas podem ser desenvolvidas. Primeiramente, a legislação deve ser pensada em consonância com esse conceito, o que está se tornando realidade no Brasil, tendo como exemplo a Lei 13.146/2015, que prevê e assegura uma série de direitos às pessoas com deficiência e estabelece normas que devem ser observadas nas edificações públicas e privadas.

Junto a isso, o urbanismo e a arquitetura são duas áreas que têm grande relevância para a construção de cidades acessíveis, com planejamentos e projetos sem barreiras físicas e que sejam fundados no desenho universal – que é uma projeção concebida para atender a todos sem que haja necessidade de adaptar os espaços, pois eles já nascem adequados às necessidades de cada um.

Além disso, os espaços já existentes devem ser reformulados para que se encaixem dentro do conceito de acessibilidade e, em todos os casos, a participação ativa dos grupos sociais mais atingidos é fundamental.

Cidades acessíveis x cidade inteligente

Outro conceito que vem sendo abordado é o de cidade inteligente, que são cidades que utilizam tecnologias como a Internet das Coisas e Big Data para garantir soluções às demandas de educação, saúde, segurança, lazer e muitas outras, reunindo dados que ajudam nos conflitos e nas tomadas de decisões.

No entanto, uma cidade inteligente também deve ser acessível, de modo que esses dois conceitos podem complementar um ao outro, uma vez que a tecnologia é uma aliada na promoção da inclusão, podendo ser utilizada para facilitar o acesso da população a todos os recursos oferecidos no meio urbano e, assim, promover a superação das barreiras e melhorar a acessibilidade e a inclusão.

Um dos exemplos de soluções que uma cidade inteligente pode oferecer é a instalação de temporizadores sonoros que fornecem informações sobre o tráfego e ajudam pedestres com deficiência visual no momento da travessia nas faixas de segurança.

Além disso, outros exemplos envolvem a implantação de recursos de texto alternativo nos meios de transporte para possibilitar a tradução de mapas, imagens e outros elementos visuais, bem como aplicativos de mobilidade que auxiliem pessoas com alguma deficiência no planejamento de rotas e destinos, permitindo a verificação das condições de acessibilidade de cada empreendimento da cidade.

Assim, as cidades acessíveis e as cidades inteligentes andam juntas, e o planejamento adequado é essencial para que a inclusão e a acessibilidade possam existir não apenas como direitos, mas também como uma realidade cada vez mais presente em todos os centros urbanos.

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Homem cadeirante subindo em uma calçada com rampa, representando as cidades acessíveis.